Capítulo 05 – Problemas no Purgatório [N]

  • Oi? – espantou-se Catureu, enquanto olhava para o rosto sério da atendente. – Mas, pra quê…?!
  • Não sei. Só me foi dado esse recado. – descontraída, respondeu  enquanto finalizava o atendimento.
  • …Tá legal! Muito obrigado… –  sem entender nada, ele agradeceu e se despediu dela.

    Depois de deixar o Setor de Acolhimento, ele seguiu um pouco mais adentro do corredor em direção à uma grande escadaria movimentada que subia para os andares seguintes. E então começou a subi-las. Enquanto subia, passava por vários tipos de seres diferentes que subiam e desciam pela escadaria, Eles eram trabalhadores de outros setores do Purgatório que ficava nos andares acima. 

    “Esse lugar é tão grande… Nem parece que existem apenas nove. Bem, considerando que cada andar é dedicado a um setor específico, realmente… o purgatório é imenso… Uma verdadeira fortaleza!”, pensava Catureu, enquanto cumprimentava as pessoas que passavam ao seu lado.

    Após subir até o quinto andar, ele finalmente chega ao seu setor. Apesar do quinto andar ser enorme, diferente do térreo, onde fica o Setor de Acolhimento, é cheio de portas em ambos lados. Já que, além de ser um setor de trabalho, também é o local de descanso dos Agentes da Morte.

    “Enfim, retornei… Tenho que ir logo reportar o resultado da minha missão pro meu supervisor. Agh! Quero saber o que é tão urgente que precisou me chamar às pressas. E justo quando já queria pegar outra missão… Fazer o que! Vamos ver o que é!”

    Andando pelos corredores, vários agentes que passavam ali, assim que avistaram o agente Catureu, começaram a cochichar entre si, o que despertou mais ainda a curiosidade dele quanto aquela situação.

    Chegando à uma das últimas portas daquele andar, ele olha para a placa escrita “Setor de Gerenciamento de Coleta de Almas”. Ele deu uma leve respirada e então abriu a porta. Ao entrar na sala, nota que há alguns grupos de “Agentes da Morte” que estão tranquilamente conversando entre si. Outros, estão andando entre a sala.

    “Há! Parece que o supervisor Milyan está ocupado atendendo outro agente. Será se espero, ou volto em um outro momento…? Que seja. Vou dar um pulinho no meu quarto e depois volto aqui”, virou-se novamente para sair da sala após ver que seu supervisor estava ocupado, no entanto…

  • Oi! Onde pensa que está indo, agente Catureu?!
  • Ahh, eu?! Bem… vi que o senhor está ocupado e… pensei em retornar numa outra hora?! – meio sem jeito, respondeu ele ao seu supervisor que o tinha interrompido de sua fuga.
  • Nem pense em fugir… Eu já finalizei por aqui. Pode dar meia volta e sentar nessa cadeira aqui logo!

    “Droga! Perdi minha chance de fugir. Parece que hoje ele está mais mal humorado que o normal”, fica se remoendo por dentro, enquanto tenta disfarçar com umas risadinhas forçadas na frente de seu supervisor. Milyan é o supervisor geral responsável pelo Setor de Coleta.

    Apesar de ser uma caveira como a maioria dos agentes, por ser um dos mais antigos que trabalhava no purgatório, esbanjava muita confiança em seu cargo atual, por conta de suas experiências acumuladas em seu tempo de ação. Por conta disso, era respeitado e temido por todos, pois com o passar do tempo, seu temperamento ficava cada vez mais explosivo.

  • Então, Milyan! Recebi um recado dizendo que era pra eu vir aqui com urgência… Queria saber o que seria?!
  • Primeiramente, cala essa matraca! Aprenda a falar direito com seus supervisores. Você ainda é só um filhote de “Morte” que acabou de sair das fraldas… Com meros 12.000 anos nas costas e ousa falar de qualquer maneira com alguém da velha guarda.
  • Ugh! M-me desculpe, senhor! Perdoe-me pela minha falta de delicadeza. Gostaria de saber se o senhor me informaria o que aconteceu de tão urgente ao meu respeito?!
  • Hump! Bem, o chamado veio dos superiores acima… Eles ordenaram que você participasse do próximo “Julgamento” das almas que você recolheu hoje.
  • Hum, eu?!
  • Sim!
  • Por quê?! Já que normalmente a Morte não precisa estar presente no julgamento final?!
  • Cala essa boca! É uma ordem direta dos chefes! Você não tem o direito de recusar! Ele vai acontecer amanhã, no Setor de Julgamento, no andar logo acima. E nem pense em se atrasar. Até lá, você está proibido de pegar alguma outra missão, ou deixar esse andar, entendeu?!!!
  • Entendi.
  • Se entendeu, então suma da minha vista!!!

    Depois de deixar a sala…

    “Arf! O que foi… que acabou de acontecer ali agora…?! Como assim vou ter que participar do julgamento?! É melhor eu não ficar pensando demais nisso. Vou retornar pro meu quarto.”

    No dia seguinte…

    O dia começou com muita agitação entre todos os trabalhadores do Purgatório, principalmente nos setores que ficavam perto do Setor de Julgamento.

  • Ei, vamos logo! Hoje vai ter o julgamento das várias almas que foram coletadas pelo agente que bateu o recorde dos últimos tempos.
  • Opa! Essa eu não quero perder.

    Neste dia, grande parte dos setores funcionaram com a equipe reduzida. Todos estavam ansiosos para assistir ao julgamento que aconteceria neste dia. Afinal, não é todo dia que um grande julgamento como esse, onde várias almas que foram coletadas por um único agente, ocorre. Por causa da grande quantidade de público que estavam indo para o mesmo lugar, rumo ao sexto andar, um engarrafamento de espectadores se formou ao longo de toda a escadaria, de cima a baixo.

    Enquanto isso, Catureu, que havia se levantado com antecedência, já estava no sexto andar. O sexto andar, diferente de todos os outros andares, o corredor não é tão profundo. Assim que se sai das escadarias, logo à frente, já fica um enorme salão fechado, que toma quase todo o espaço daquele andar, deixando apenas uma distância de 4 à 5 metros para o corredor que dava logo de cara com a entrada. Os espectadores que chegavam aos montes, para entrar no salão, passavam por uma grande porta de aproximadamente 10 metros de altura que dava acesso ao lado de dentro.

Catureu, como nunca tinha participado de um julgamento, sentia-se como se aquele lugar fosse um mundo completamente diferente para ele. E, ao passar pela porta…

  • Uau!!! Quão maravilhoso é esse lugar?! – pergunta pra si mesmo, enquanto se perde totalmente naquela imensidão. Ao olhar pela primeira vez na parte de dentro, fica maravilhado. Um céu, tão claro e azul quanto o dia. Com várias nuvens brancas enfileiradas onde o público estava sentado. Mais à frente, na parte do meio, um grande vazio e, mais à frente, duas grandes nuvens, formavam uma espécie de mesa virada para o público, uma branca como a neve e outra tão cinza quanto um dia chuvoso. Essa era a visão da parte interior do salão. Tudo parecia estar suspenso no ar.

    E então, enquanto ele estava perdido em sua mente, uma voz feminina, usando o auto falante, anunciou para todo o público:

  • Atenção! Todos se sentem em seus lugares. O julgamento começará em breve! Repetindo. O julgamento começará em breve!

    Como dito no anúncio, todos que estavam entrando, ou que estavam conversando, buscaram assentos vazios para sentarem. Após todos se sentarem, inclusive Catureu, que escolheu um dos assentos mais à frente, próximo do local do julgamento.

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