Capítulo 06 – Início do Julgamento [N]

Enquanto Catureu aguarda o início, ele olha para seus arredores, e começa a murmurar para si mesmo.

• Hm, vamos ver… Aquelas pessoas são do “Setor de Integração”, que fica no primeiro andar… Aquele outro grupo ali em cima parece ser do “Setor de Serviços”, que fica no segundo andar. Mais à frente, o time do “Setor de Envio” de informações… E ao meu lado esquerdo, o pessoal do “Administrativo, no lado direito, o pessoal do “Acolhimento e mais acima, além de mim, parece que outros Agentes da Morte também foram convidados… Parece que quase todos os setores resolveu dar as caras hoje. O setor de Transporte trabalha junto com o de Julgamento. Parece que os únicos que não estão aqui é o pessoal do nono e do décimo setor.

    E, antes de perceber, todos no salão começaram a ficar em silêncio, tomando toda a atenção para o centro do salão. Suas atenções focaram no evento que estava acontecendo.

    No entorno da parte vazia, várias rachaduras, que estilhaçaram aquele espaço, começaram a aparecer. Parecia como se toda aquela paisagem fossem feitas de vidro. Depois de se quebrarem, os estilhaços se transformaram em dois grandes buracos negros.

    Todos assistiam atentamente aquela cena eufórica e apreensiva. Um forte tremor tomou conta de todo o lugar, como um forte terremoto. E então, de dentro desses dois buracos negros, uma forte presença fez com que todos que estavam ali abaixarem suas cabeças. A pressão fez com que todos ficassem totalmente submissos. Suas respirações ofegantes silenciaram quando viram duas mãos diferentes, uma em cada burado, segurarem as bordas do buraco e rasgarem forçadamente o espaço para aumentar a abertura da passagem.

    Quanto mais o espaço era rasgado, mais forte ficava os tremores, até que, do nada, os tremores pararam, e de dentro, lentamente, junto com aquela pressão que aumentava mais e mais a cada instante, duas presenças foram sentidas por todos. No momento em que o público avistou o vulto de suas sombras saindo de dentro do buraco, todos se levantaram e se ajoelharam, mostrando total respeito. E, através do auto falante, a anunciante disse:

• Atenção! Todos saúdem e reverenciem a chegada dos seres Celestes, o Senhor dos Céus e o Imperador das Trevas!

    Ao chegarem próximos da saída, as dobras do buraco e o espaço ao redor começaram a se distorcer por conta da pressão que eles impunham. Junto com uma forte rajada de vento, eles saíram de dentro do buraco. Um possuía seu corpo todo envolto de luz, uma luz tão ofuscante que se alguém o olhasse diretamente, poderia ter seus olhos incinerados. Enquanto o outro, seu corpo estava em volta de uma escuridão tão grande quanto o vazio, que se alguém ousasse encará-lo, teria sua alma tragada pelo vazio. Apesar de suas diferentes naturezas, os dois possuíam uma grande altura, e por conta de seus corpos, mesmo os funcionários que trabalhavam no Setor de Julgamento nunca ousaram olhar para seus rostos, era basicamente um grande mistério para todos.

    Eles foram em direção às duas grandes mesas de nuvens, e sentaram em seus tronos. O Senhor dos Céus ficou na mesa branca, enquanto o Imperador do Inferno, com a cinza. Ao sentarem, uma forte voz ecoou sobre todo o salão.

• Todos vocês podem ficar à vontade! – disse firmemente a todos o Senhor dos Céus.

    Ao ouvirem essa declaração, toda a pressão que estava subjugando a todos, desapareceu, e então, todos se levantaram e sentaram em seus lugares. Depois que todos se aquietaram, o Imperador das Trevas, sentado em seu trono, inicia seu discurso.

• Muito bem! Vamos agora começar o julgamento das 25 almas que pereceram e foram recolhidas no mundo inferior. Este julgamento será conduzido por mim, o Imperador do Inferno e pelo Senhor dos Céus.

    Os dois, tanto o Senhor dos Céus, quanto o Imperador do Inferno, ambos ficam de pé e esticam seus braços para a parte vazia em sua frente. O Senhor dos Céus esticou seu braço direito enquanto o Imperador das Trevas o esquerdo e, após essa ação, duas imensa energia cobriu toda a parte vazia. E do nada, uma pequena semente apareceu flutuando no ar e, ao lado dela, um esqueleto negro começou a se formar. A semente, que recebeu o poder divino do Senhor dos Céus, começou a brotar e crescer várias ramas tão verdes quanto uma esmeralda, cheias de um tipo de flor tão divina que não se compara a qualquer coisa que é encontrada na terra. Enquanto na parte esquerda, o esqueleto que absorvia o miasma dos mortos do Imperador das Trevas, tinha seus ossos retorcidos como um cipó. Os dois começaram a se entrelaçar um ao outro criando o corpo do que seria uma balança. A parte direita da balança era toda feita com a planta divina com uma grande folha usada como o suporte de pesagem, enquanto a parte esquerda, que era feita de ossos retorcidos, tinha como uma mão esquelética como suporte de pesagem. Essa era a balança que fazia a pesagem de todos os seus atos que você tomou durante a vida.

    Logo após a conclusão de tudo, o Imperador das Trevas continuou com seu discurso.

• De acordo com os critérios, a alma seria submetida ao processo de exposição de seus pecados e suas boas ações quando vivo. Logo em seguida, será feita a pesagem de todos esses atos, essa pesagem demonstrará se ele será perdoado por tudo e ascende aos céus, ou se ele terá que pagar todos os seus pecados no inferno. Basicamente este seria o funcionamento de um julgamento normal, o que leva um pouco de demora para ser finalizado… Mas, este julgamento será diferente.

    Ao dizer essa última frase, todos ficaram surpresos, fazendo com que suas vozes sussurrantes fossem ouvidas por todo o salão.